Fique por Dentro

 

Notícias e Eventos

03/02/2015

O agronegócio e a falta de chuva no Estado

Júlio da Silva Rocha Júnior 

É presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo 

 A intensidade e abrangência da seca que temos verificado é sem precedentes. A realidade que se presencia no campo é alarmante, para não se dizer catastrófica.A expectativa de regularidade climática já deixou de inspirar confiança e exige postura diferente de todos, para que proporções ainda mais drásticas não ocorram. Plantios e cultivos, até mesmo de pastagens, sem recursos de irrigação equivalem a aventuras não recomendáveis, pelo risco de se colher insucesso. 
     O paradoxo de se registrar a necessidade de ampliação das áreas irrigadas com a escassez de água exige compromisso, responsabilidade e competência de todos, para se alcançar resultados satisfatórios e sustentáveis. A necessidade de se fazer investimentos em reservação de água, seja com recursos públicos ou privados, é imperiosa e inadiável. Precisamos de ações que garantam a reservação de água ou estamos fadados a ficar sem alimento e sem energia. A adoção de técnicas de agricultura de precisão para se ampliar as áreas irrigadas com menor quantidade de água consumida é uma obrigação. 
     Os prazos para concessão de outorga e de licenciamento precisam ser encurtados, já que as plantações e a dessedentação de animais não podem esperar. A burocracia não pode matar nossos animais de sede. Carro-chefe da economia primária do Estado, o café é o fiel da balança de nossa economia, sendo acompanhado pela pecuária, que no caso do leite, experimenta amarga trajetória nos dias atuais. 
     A situação é dramática. De Norte a Sul do Estado, os agricultores estão sofrendo com o tempo seco; a situação pode piorar já que não há previsão de chuva para as próximas emanas. Acredito que não alcançaremos a estimativa de produção de café anunciada pela Conab e pelo Ministério da Agricultura, de 2,7% se comparado à safra anterior. A redução foi observada no café conilon, que registra queda entre 8,8% e 6,3%.
     Oxalá as pesquisas de safras anunciadas para o café se limitem a pequenas perdas anunciadas; infelizmente a realidade é outra. Que nas outras culturas os prejuízos também sejam menores que o estimado. Os municípios atingidos pela seca, cremos que a totalidade, devem se antecipar na decretação de “estado de emergência”, para se acolher os pedidos de alongamento de dívidas que infelizmente virão, em grande quantidade. 

 Opinião - pg. 17 – A Gazeta em 03/02/2015.